terça-feira, 22 de julho de 2014

Fusões e Aquisições para pequenas empresas

Burocracia para abrir empresa no Brasil estimula operações multinacionais

Por Alessandro Cristo

O mercado de fusões e aquisições está para peixe no Brasil. Não para os grandes, é sabido, mas para os pequenos e médios. Quem garante é um especialista em um nicho que movimenta operações abaixo de R$ 100 milhões e que não se abalou com a estagnação da economia brasileira, nem com o fraco desempenho da Bolsa de Valores: o advogado Eduardo Boccuzzi, sócio fundador do escritório Boccuzzi Advogados Associados.


Segundo ele, essa faixa de operações cresceu 30% no escritório. E a explicação pode estar justamente na burocracia e na dificuldade para se abrir uma empresa no país. Essas barreiras tornam a fusão com um negócio já funcionando a melhor opção para um estrangeiro interessado no mercado consumidor nacional.

Quando a porta de entrada é muito fácil para o concorrente estrangeiro, ele simplesmente abre a empresa e se estabelece. Mas começar um business no Brasil, ganhar mercado, se estabelecer, leva tempo. Até começar a produção, há um lapso de até três anos. Por isso, é mais fácil comprar o negócio que já está aberto”, diz. E dá a dica: as empresas de tecnologia da informação têm chegado e são as maiores interessadas em fusões multinacionais.

Boccuzzi sabe do que fala por conhecer o outro lado do Atlântico. Entre 1996 e 1997, trabalhou para uma das mais tradicionais bancas inlgesas, a Denton Wilde Sapte, fundada em 1785. Quando voltou — e a ConJur registrou a experiência em uma de suas primeiras reportagens, em 1997 —, fundou o próprio escritório, com um compromisso: rentabilidade primeiro, crescimento depois. Após 18 anos, tem 15 advogados. E a média de crescimento do faturamento do escritório tem sido de 15% ao ano.

O advogado concedeu entrevista à Consultor Jurídico quase no fim de um expediente. No simpático e bem decorado escritório na Avenida Faria Lima, em Pinheiros, as perguntas se tornaram um bate-papo sobre advocacia e oportunidades, com direito a conselhos que interessam desde estagiários até advogados e sócios empreendedores.

Bacharel em Direito em 1989 pela Universidade de São Paulo, Eduardo Boccuzzi, 53 anos, é especialista em finanças corporativas, fusões e aquisições, Direito Bancário, mercado de capitais e Direito Tributário. Recebeu da revista inglesa Global Law Experts, em 2010, a indicação de profissional recomendado na área de fusões e aquisições no Brasil. A publicação recomenda cerca de 2 mil experts em mais de 50 áreas em 140 países e tem quase 120 mil assinantes. Boccuzzi é também coautor do capítulo brasileiro do livro International Corporate Law Compendium.

Formado pelo Instituto de Estudos Legais Avançados da Universidade de Londres e pela London Guildhall University, é membro da American Bar Association, da International Bar Association e da Comissão de Direito Bancário da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil. É também assessor jurídico da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) Nacional, participando do Comitê de Ética.